Se você está imerso no mundo das análises laboratoriais, certamente já se deparou com o termo “rastreabilidade ao NIST”. Mas o que exatamente isso implica? Este artigo não apenas desvendará esse conceito, mas também explicará o porquê de não ser apropriada a exigência de que um MR ou um MRC seja rastreável ao NIST e como deve ser feita a rastreabilidade de padrões.
Acompanhe-nos nesta exploração, pois desvendamos os segredos por trás dessa prática essencial da rastreabilidade de soluções padrão. Vamos lá!
O que é Rastreabilidade ao NIST
O termo “rastreabilidade ao NIST” tem grande destaque no universo das análises laboratoriais, e para compreendê-lo, é essencial mergulhar na função do NIST, o Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia. Fundado em 3 de março de 1901, o NIST é uma instituição renomada nos Estados Unidos, dedicada à pesquisa e desenvolvimento de padrões de medição.
O NIST desempenha um papel crucial na produção de soluções padrão e na definição de referências metrológicas. Sua missão é promover a inovação e a competitividade industrial, fornecendo um arcabouço confiável para medições e tecnologias. As soluções padrão originárias do NIST são amplamente reconhecidas pela sua qualidade e precisão, sendo referências confiáveis para laboratórios em todo o mundo.
A rastreabilidade ao NIST implica que pode-se rastrear medições feitas em um laboratório aos padrões estabelecidos pelo NIST. Isso garante uma cadeia de confiança, onde as análises realizadas em diferentes lugares e tempos podem ser comparadas e validadas. Produtos que carregam essa rastreabilidade são vistos como confiáveis e precisos, fundamentais em diversos campos, desde a indústria farmacêutica até a ambiental.
Muitas soluções padrão, especialmente aquelas relacionadas a análises químicas, têm sua origem no NIST. No entanto, o ponto chave que devemos notar é que essa rastreabilidade é possível em soluções padrão que o próprio NIST produz, não sendo uma prática aplicável da mesma forma a Materiais de Referência (MR) que foram feitos por outros produtores.
Para fins didáticos, imaginemos que estamos fazendo a medição da composição de um refrigerante à base de guaraná, seria plausível exigir que este produto fosse rastreável à uma empresa de refrigerante à base de cola que, apesar de ser uma empresa renomada, não fabricou o produto e não possui a fórmula secreta? Não, isso não seria possível.
Mas, se não podemos rastrear MR ao NIST, como vamos garantir sua precisão?
A Nota Técnica do Inmetro
A fim de auxiliar um dos laboratórios Produtores de Material de Referência integrantes da Rede de Metrologia Química do Inmetro (Remeq-I), que estava tendo problemas com a aceitação de seus produtos, pois editais de compra de MR exigiam a rastreabilidade ao NIST, o Inmetro emitiu a Nota Técnica 04/2021 explicando quais são as opções adequadas para rastrear um MR.
Primeiramente, a Nota Técnica argumenta a favor da importância de estabelecer e demonstrar a rastreabilidade metrológica para resultados precisos e explica que pode-se constatar a rastreabilidade metrológica dos MR através de dois caminhos, o Sistema Internacional de Unidades (SI) ou, quando não for tecnicamente possível ao SI, uma referência que seja aceita internacionalmente.
“A demonstração da rastreabilidade metrológica pode ser evidenciada por mecanismos internacionalmente aceitos que envolvem o reconhecimento de terceira parte, avaliação externa ou autoavaliação” (CIPM, 2003 apud INMETRO, 2021). Esse conceito é fundamental para garantir a confiança nos resultados que se obtém em laboratórios.
Quando a rastreabilidade metrológica puder ser avaliada através do SI, apresentam-se três possíveis situações:
- Demonstração por realização prática da unidade: Envolve Institutos Nacionais de Metrologia, como o INMETRO e o NIST, que têm capacidade e competência para realizar as unidades do SI.
- Demonstração por calibrações providas por laboratórios competentes: Realizadas por comparação a padrões nacionais ou internacionais e nos valores certificados de materiais de referência (MRC) que tenham rastreabilidade metrológica ao SI. Isso inclui MRC de produtores acreditados (ISO 17.034) por Organismos de Acreditação que sejam signatários dos Acordos de Reconhecimento Mútuo (MRA) da ILAC (International Laboratory Accreditation Cooperation).
- Demonstração por meio de um procedimento de medição: Quando os resultados obtidos são dependentes do procedimento empregado.
Por outro lado, quando não for tecnicamente possível ao SI, a rastreabilidade deve ser feita a uma referência aceita internacionalmente, como por padrão de medição, procedimento de medição ou um conjunto de procedimentos de medição adotados por comitês internacionais, em um consenso global. Essa abordagem garante a confiabilidade dos resultados mesmo quando a rastreabilidade ao SI não é viável.
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